Tinhas a pele arrepiada pelo sentimento. Os olhos rasos de contentamento. A vida trazias nas mãos abertas. E o fruto do nosso encontro era uma alma cheia de presente, sem medo do futuro e sem necessidade de olhar o passado.
Querias-me assim como eu te queria. Eternamente. Que era o mesmo que dizer, enquanto durasse. O nosso eterno era o momento, pleno, e não havia promessas feitas ao entardecer. O que dávamos estava em todos os gestos, em todos os olhares, no encontrar dos corpos. Nada de planos para o futuro, nada de palavras vãs para encher o vazio. Não existia o vazio.
Mas quando olhávamos para nós sentimo-nos cheios de mais. A sonhar o que não podíamos ter uma vida inteira. Não acreditávamos que a vida se desse assim, como uma fruta fresca em pleno verão.
Estranho o destino humano. Tudo o que é bom demais faz-nos afastar, evitar. Nem sequer tocamos com o medo de estragar. Para que nada mude, não chegamos a viver tudo o que se oferece aos nossos olhos. E partimos antes mesmo de chegar.
Ana Teresa Silva
[Não me dei conta em que exacto momento do tempo é que comecei a viver os "faz-de-conta". Eu não era assim. Era inabalável na minha fé. A minha força demolidora. Eu acreditava.
Não, espera, deixa-me corrigir, eu ainda acredito. O que é pior, muito pior, do que não acreditar.
E como explicar-te este medo de viver a perfeição e que ela, ainda assim, acabe?.]
Ana Almeida
Há 13 anos
4 comentários:
Gostei muito do blog.
Um abraço.
Acabei de reler partes do inicio deste blog e deu-me uma saudade imensa... dos momentos, da partilha mas, acima de tudo, da intensidade com que tudo era sentido e transposto para o papel. E fiquei muito feliz por saber que ainda o mantens tão vivo. Beijo grande, doce Star.
Darkness
Este poderia ser um post meu (embora evite escrever nestes termos, pois faz-me sofrer)...
ah, como eu me revejo em cada palavra... e na foto... em tudo o que escreves e que pareces sentir (até nisso, acho que é igual a mim...). Sensação estranha...
Somente.
Estranha realidade...
Enviar um comentário