20.1.09

Porque Fazes Parte de Mim

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Lembro-me de seres genuína e de encarares os teus sentimentos de forma natural e, por isso mesmo, nem os tentares combater porque eram um prolongamento de ti. Lembro-me de te ver sorrir e dos teus olhos brilharem; de te ouvir questionar e expressares a tua revolta quando algo não corria bem; de te ver chorar e espelhares a tua tristeza com intensidade. Até que ele chegou e te espezinhou o coração genuíno.
Todos, os que interessam pelo menos, sabemos que corações puros e verdadeiros são uma presa fácil para abutres que teimam em dizimar tudo ao seu redor. E ele dizimou-te. Cansou-te, esgotou-te, fez-te penar e passaste a viver de frases bem pensadas e sorrisos bem escolhidos e assumiste a postura que já tão famosa te torna de “eu sou tão estupidamente feliz”.
Deixaste de querer sentir porque isso implica sempre dor e tu achas que já tiveste mais do que a que o teu amor merecia. Como não te permitiste sentir, não choraste, não gritaste, não fizeste o luto emocional, nem te permitiste lamber as feridas. Apenas te resignaste. E deixaste de querer sentir. E esqueceste-te que dor é sinónimo de emoção, de vida. Tu que tanto te gabas de a celebrar ... deixaste de saber o que a vida representa.
Eu quero ver-te sofrer. Eu quero ver-te penar. Porque esta foi sempre a forma que tiveste de sentir, de amar, de adorar. Porque esta é que é a verdadeira celebração da vida e nós nunca o soubemos fazer de outra maneira. Porque sempre concordaste comigo quando eu gritava aos sete ventos: “EU QUERO QUE ME ATINJAM!”. Porque sempre fomos defensoras acérrimas do amor incondicional. Porque quando se tem a nossa capacidade de amar, nada é ilimitado. Porque quando se é como nós ... os sentimentos não se contornam e muito menos se fingem. Porque quando vejo que não estás bem, já não o admites (há muito tempo). Mentes e revestes-te em mil outras que não existem em ti. Deixaste de ser tu. Abandonaste a tua essência e tudo o que foste e em que sempre acreditaste.
Sempre foste dos maiores corações que conheci até hoje e amaldiçoada seja eu se não voltarei a ver-te como de facto és. Nunca te permitirei que te tornes um bacalhau seco. E, se para tal, tiver que ser o teu reflexo, o teu espelho, assim o farei.
Há pouco tempo falei-te disto pela primeira vez. Contrapuseste, brincando, dizendo que voltarás a ser o que eras no dia em que eu aprender a amar-me. O que me parece que não entendes é que eu sempre assim fui e que o processo de aprendizagem é longo e penoso. Tu tornaste-te assim por opção.
Recorda-te ... o sermos tocadas pelo gelo não implica necessariamente que nos tornemos nele, pois se nos permitirmos, a queimadura cicatriza. Permite-te a cicatrização. Permite ao teu coração viver de novo. Permite ao meu coração acreditar, através de ti, como sempre foi. Porque fazes parte de mim e é através de ti e de tudo aquilo que sempre defendeste e em que sempre acreditaste que também ganho mais amor por mim mesma. Ao cuidares de ti, cuidarás de mim também e tornarás o meu caminho menos penoso. Humaniza-me e faz-me voltar a acreditar porque esta é uma das tuas missões aqui na terra.

Shana Andrade

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu sei que escreveste para mim este texto, mas vou te roubar uma frase e fazer minhas as tuas palavras. "Permite ao teu coração viver de novo." E recomeça as vezes que forem necessárias.. :)