11.12.08

Desavergonhadamente Feliz

Perguntas-me porquê e eu respondo-te porque acordo todos os dias.
Não te chega esta resposta, nem a ti, nem a ninguém. Então completo porque tenho saúde e as pessoas que amo também. Olhas para mim à espera de uma conclusão. E não existe.
Questionas-me novamente. Família? Fé? Dinheiro? Qual destes motivos te elevam? Tem que ser um, não, têm que ser todos! Só assim fará sentido. Qual é o teu "segredo"?
E eu não sei como fazer-te entender este imensurável sentimento de felicidade. Tu queres um motivo maior e eu não tenho.
Vou tentar explicar-te..

Cheguei ao patamar máximo da profissão que escolhi. Tenho 29 anos. Abri o meu negócio com 27. É um privilégio que poucos alcançam, mas eu estive sempre no lugar certo, na altura certa. A diferença para a maioria é que eu não deixei escapar nenhuma oportunidade. E não me fales em sorte. Sorte é quando a oportunidade e a preparação se encontram. E esse é o segundo motivo para ter tatuado no corpo a frase "Audaces Fortuna Juvat". E sim, não tenho dúvidas, a Sorte protege os Audazes. Qual é o primeiro motivo? Conto-te mais à frente..
Sentes agora que me compreendes. Sou muito realizada profissionalmente, com compensações financeiras, aí está o motivo que buscavas. Lamento. Sou uma insatisfeita nesta matéria, como provavelmente em muitas outras. Por ter chegado ao fim do caminho, tenho vontade de recomeçar tudo outra vez. Voltar à estaca zero. Lembro-me de mais duas ou três coisas que me dariam igual prazer concretizar. E faço questão de as experimentar a todas. Não me assustam as mudanças. Quanto ao dinheiro, há 10 anos que trabalho por conta própria, há 10 anos que não sei o que são certezas mas com 500 ou 5 na carteira por dia, o sorriso mantém-se.

Fé em Deus? Profunda religiosidade? Não, não a sinto. Não sei se Deus existe ou não, mas se me perguntas se acredito nele, a resposta é não.
Mas acredito no Amor. Nesta imensa e incompreendida palavra, acredito com todo o meu ser! E digo-te mais, quando formos todos capazes de olhar para quem está ao nosso lado e reconhecer uma pessoa igual, independentemente do sexo, da raça, dos credos, da nacionalidade, do status social ou de qualquer outra porcaria que acham que nos define, quando aprendermos a respeitar o outro, a acarinha-lo, quando não tivermos medo de assumir as nossas fraquezas porque só os fortes o conseguem fazer, quando não deixarmos que os sentimentos negativos nos preencham, quando soubermos pedir desculpa, quando soubermos agradecer, então, finalmente, será um triunfo do Amor. E se Deus existir, de certo que se sentirá muito orgulhoso da sua criação. Quanto a mim, da parte que me toca, tenciono ir para o céu e passar o resto da eternidade a fazer-lhe muitas perguntas.
Não me chames idealista. Ou chama-me. Talvez tenhas razão. Afinal "Força do Amor" é a outra frase escrita no meu corpo.
E chegámos ao último dos teus tópicos, a família. Aquela que amo profundamente. Da minha mãe/amiga, procuro manter a inocência que ainda hoje mantém no olhar. A minha mãe ainda acredita e por causa dela eu vou acreditar sempre também. Do meu pai, o meu primeiro e grande amor no masculino, tenho a loucura sã e espero ter obtido parte da sábia inteligência que ele tem. Com o meu caçula, o segundo grande amor no masculino, aprendi que afinal os homens não são assim tão diferentes de nós. Fez-me não ter nunca medo de sentir. A grande vantagem de se ter um irmão com um coração de ouro.
E por fim, e acima de tudo, o meu Amor maior. Com ele aprendi a incondicional capacidade que tenho de amar. Em todos os momentos, sempre, e mais, sempre mais, a cada instante que passa.
Das amizades que tenho, das quais não te falo hoje, digo-te apenas que agradeço a cada dia a existência delas na minha vida. Poucas e insubstituíveis, são elas que me acompanham a todos os momentos e espero do fundo do coração que assim se mantenha até ao fim.

Já divaguei demais.. Perco-me em palavras, provavelmente já te perdeste também. Querias saber porque exalo felicidade. Ainda não entendeste? A felicidade está dentro de mim. É um modo de viajar, não é um destino. Entendes agora?

Sou feliz porque ontem chovia e cheguei a tempo a casa de tirar a roupa que tinha a secar no estendal. Hoje voltou a chover e a roupa molhou-se, e sabes que mais? Que lixe! Sou feliz na mesma!

Ana Almeida

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá mana, estive a ler o teu pequeno grande texto, e fiquei muito lisongeado com as doces palavras com que me descreves te. Aproveito para te dizer também que por muito que não esteje tão presente fisicamente, tu estives te, estás e estarás para sempre num grande pedaço deste coração de ouro, tu e todos aqueles que falas no teu texto. Um beijo muito doce para a melhor mana do mundo