20.12.08

Quell'attimo di eterno che non c'è...*

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Via na televisão o final do campeonato e não percebia porque não jogavas a titular. Intervalo e nada. Ninguém falava no teu nome. Só os semblantes carregados e muita tristeza no olhar. E eu não entendia.
No final do jogo, depois da vitória, a ida ao microfone. O aviso a todos aqueles que como eu aguardavam notícias. "É com muito pesar que informamos que o atleta faleceu esta tarde quando se dirigiria para.."
A voz continuava, mas eu já não ouvia nada. Nem a voz, nem as perguntas, nem os gritos, não via as lágrimas, o desespero.
Não via mais nada. Não ouvia mais nada. A frase " o atleta faleceu esta tarde.." . E depois, de imediato, a dor. A profunda dor dentro de mim.
Instintivamente, pegava no telemóvel e fazia a chamada. Ouvia-te do outro lado. E voltava a respirar. Mas não eras tu. Ou eras tu, mas já não eras.
Lembro-me de apanhar um avião. De chegar a um outro país e à tua cidade que tantas vezes senti como minha também. Recordo ter me sentido perdida pela primeira vez. E de entender finalmente o tamanho da maldita distância que nos separava. E por fim, de sentir a impotência. A temível impotência.
O velório. As centenas de rostos desconhecidos. Os sentimentos à família que me recebia como sua, solidária no sentimento.
E depois, tu. O mesmo rosto tranquilo. O mesmo corpo apaixonado. Mas tu já não estavas. Ou estavas, mas já não eras tu. Eram os teus olhos, a tua boca, as tuas mãos. Mas não eras tu.
Nunca mais esse olhar me invadiria o pensamento. Perto de ti não precisava de máscaras que me defendessem. Nunca mais te veria atento a tudo o que falava e ao que não dizia também. Perto de ti não existiam barreiras intransponíveis. Nunca mais essas gargalhadas deitariam por terra todas as argumentações. Perto de ti não haviam zangas que resistissem. E nunca, nunca mais, essas mãos me amariam o corpo, me entrelaçariam a alma, me prenderiam o coração. Porque perto de ti era amor também e eu não o sabia.
A despedida. A certeza de um fim naquele instante. E a dor. A imensa dor dentro de mim.

Esta noite sonhei que morrias.
A primeira coisa que fiz ao acordar foi dizer-te o quanto gosto de ti.

Ana Almeida


*Ao som de "Mille Giorni Di Te E Di Me", Claudio Baglioni

1 comentário:

Anónimo disse...

Achei lindo o que escreveste e achei ainda mais lindo partilhares este sentimento com todos as pessoas que por aqui passam...