28.12.08

Eu

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Destilo acidez. Envolvo-me em mil capas de veneno e amaldiçoo tudo o que não compreendo ou abomino.
O ser humano enoja-me. A inconsistência do ser humano agonia-me. A capacidade de ludibriar, enganar e tripudiar requer um talento de grande envergadura, que os que tentam trilhar estes caminhos não possuem. Acabam afogados na sua própria merda e de embrulhar nas suas ilusões almas mais puras.
Renego toda a mentira e falsidade com toda a força do meu ser. Nutro um ódio visceral a toda a tentativa de engano e desprezo daqueles que, além de tentarem enganar outros, ainda se tentam enganar a eles mesmos. Pura hipocrisia face à vida.
Retiro as mil capas de veneno e isolo-me. Sofro com o que não reconheço como certo e com o que se me escapa à percepção e ao meu entendimento. Recolho as vísceras que me escaparam no momento em que me agarrei ao ódio para sobreviver e tentar não penar tanto.
Agora posso ser. Agora posso sentir. Ao abominar aqueles que assim o são, acabo por abominar-me a mim também porque me faço à imagem deles. Não porque o queira mas por sobrevivência. Mas não interessa o motivo ou a desculpa. Interessa a consciência que tenho disso e apenas isso. Cometo o erro de desejar ser como “eles”, seres abjectos que nem são, apenas pretendem ser sem o conseguir. Escumalha humana que se limita a desviar e a safar como pode. A minha tristeza resvala e encontro conforto nos poucos seres puros que conheci. Poucos, muito poucos... mas que ainda existem e têm a força e a coragem para se apresentarem puros como são.

Shana Andrade

1 comentário:

Anónimo disse...

como tu existem muitas "eus" com o mesmo sentimento de repulsa por alguns seres pseudo humanos,mas a tua capacidade de expressão e SOBERBA,quase capaz de me fazer soltar a lagrima que teima em sair de raiva e desprezo por essas entidades que se acham acima de tudo e de todos.
beijo
biagucci