17.12.08

(Sempre) De Volta a Ti

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E, mais uma vez volto a ti. Vi um, dois, três, quatro anos passarem e, em cada um deles, voltei sempre a ti. Sempre que tento, que dou uma brecha, sei que é a ti que volto. Quanto mais tento, quanto mais oportunidades dou, mais sei que é ao teu sorriso, ao teu calor, à tua simpatia, a esse dom especial que tens de me fazeres sentir viva que volto.
Em noites como esta, em que preciso desesperadamente sentir-me viva, é aos teus braços, à tua companhia , à tua dança, ao teu hálito quente que volto.
Acusaram-me de não querer largar a tua memória, de não deixar ninguém novo entrar. Abri os portões, escancarei-os e esperei. Muitos espreitaram, um ou dois foram convidados a entrar... mas ninguém ousou. É como se sentissem a hostilidade deste território que já tem dono. Que sempre terá um dono ausente, que não se importa se as ervas daninhas se desenvolvem ao deus dará. Nem os bichos habitam neste território hostil. Só a tua memória que não consigo deixar morrer porque não encontro um adversário à tua altura. E é a ti que volto, outra vez.
Eu tento, sabes? Tento todos os dias, bem certo que em uns dias melhor que nos outros, mas tento. Arrancar-te das minhas memórias e prosseguir para uma nova etapa. E todos os dias voltas a ser a primeira coisa em que penso quando acordo e a última de que me lembro antes de dormir.
Nem sabes o que dava para que não fosse assim. Para que não te fosse tão devota, tão tua. Sou mesmo tua, sabes? Ninguém se dá ao trabalho de sequer tentar aqui chegar, quanto mais de colorir o mundo que deixaste a preto e branco. E, cada vez que me dou conta disso, é a ti que volto. Não há caminho que conheça melhor do que este que já percorri centenas de vezes ao longo destes anos e trago as solas da minha alma gastas de tantas vezes o percorrer.
Quando te foste, ergui muros muito altos, intransponíveis e dediquei-me a sobreviver das cores que ainda subsistiam aqui dentro, cores essas pintadas por ti. Ninguém mais me acha merecedora disso. Ninguém quer investir num animal acuado ou marcado por outro dono. Desci os muros, fui ao chão. E continuo esquecida por lá. Esquecida pelos outros e por mim mesma que, entretanto, voltei a ti.
E nenhum sorriso é o teu sorriso, e nenhum sotaque é o teu sotaque, e nenhuma dança é a tua dança, e nenhum toque é o teu toque e nenhum gostar é o teu e o meu gostar e nenhum caminho é tão fácil de fazer como o meu caminho para ti. E nenhum amor é o meu amor por ti e nenhum coração é tão triste quanto o meu.
E todas a desilusões do mundo me levam, interminavelmente, de volta a ti.

Shana Andrade

3 comentários:

Unknown disse...

parabéns pelo texto, muito bonito, profundo e sentido deste lado noutras vidas.. o verdadeiro amor!

Rah disse...

Lindo !!

Essência disse...

E um dia consegues, sabes?