13.12.08
Estou nos braços da Paz..*
Tenho a tua boca junto à minha. Mas não me tocas. Olhas-me apenas e eu sinto que vou perder esta batalha. Quero-te. Deus, como te quero. Beija-me, penso. E tu ouves-me. Duas bocas. Uma boca apenas.
Aproximas-te devagar, não há pressa agora. Somos nós de novo e eu sei, e tu sabes, que agora é tudo o que interessa.
A tua mão na minha. A minha mão na tua. Olhos nos olhos. As bocas que se reencontram.
Puxas-me para ti. Ouço o bater acelerado do teu coração. O teu peito tão perto do meu. Tão dentro de mim. Tanto que não sei se te ouço, se me ouço.
Suavemente percorres o meu corpo com as mãos, não páras nunca de me olhar, não páras nunca esse beijo que me enreda.
Ardo de desejo. As roupas são já um hóspede indesejado. Eu preciso dessa pele na minha.
Cada milimetro do corpo que exploras, pertence-te. E eu nunca to soube dizer. Hoje sei que não são precisas palavras, quando dois corpos se desejam assim, muito além do prazer.
A tua respiração intensa no meu ouvido. A tua língua, certa, segura. Uns seios que te chamam. A barriga. Desces vagarosamente. Torturas-me e eu não me importo. Venho-me na tua boca. É assim que gostas. Faço-te a vontade. Será a primeira de muitas vontades nossas realizadas esta noite. Olhos nos olhos.
É a minha vez agora de mostrar o quanto te desejo. Tenho te nas mãos. Sinto o descontrolo. Não podes nada contra isto, tenho-te na boca. É nela que te vens. É assim que gosto. Olhos nos olhos.
Ganhas-me pela força, agarras-me os cabelos, puxas-me de novo para esse coração. Esses braços imensos que me apertam. És tão lindo, penso. És tão linda, dizes. Essa boca na minha. Não páras nunca de me olhar, não páras nunca esse beijo que me enreda.
Adivinho o momento que se aproxima. Enquanto entras dentro de mim, eu entro dentro de ti. Somos um só. Os mesmos movimentos. A paixão. A intensidade. A certeza de uma vida à espera deste instante.
Cinco sentidos. Vejo-te. Olho-te. Ouço-te. Cheiro-te. Sinto-te. Temos-nos.
Horas de profundo prazer. E o tempo já não existe. O mundo parou. O mundo somos nós.
Olhos nos olhos. Boca na boca. Mão na mão. É assim que tens vens. Que me venho. Profunda sintonia. Não poderia ser nunca de outra forma. Somos um só.
Não, não digas nada. Não fales. Eu sei o que sentes. Eu sinto o também.
Perdi-me no exacto segundo em que os nossos olhos se cruzaram a primeira vez. Para me reencontrar de novo, recomeçaria tudo outra vez, percorreria todos os caminhos até ti.
Mas não digas nada.
Não quero saber o teu nome.
Ana Almeida
* Ao som de "Gostoso demais", Maria Bethânia
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2 comentários:
extraordinariamente belo.. puro e lindo, adorei cada palavra que escreveste.. autora MIstério.. do desejo encarnado.. mulher perfeita e em simultaneo.. tonta desgraçada.. parabéns e toda a sorte do mundo!
Adorei....inspirador!
Importas-te que o publique (excerto ou na íntegra) no meu blogue?
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